"Uma vida não questionada não merece ser vivida." (Platão)

Salmos 1
1 Felizes são aqueles que não se deixam levar pelos conselhos dos maus, que não seguem o exemplo dos que não querem saber de Deus e que não se juntam com os que zombam de tudo o que é sagrado!
2 Pelo contrário, o prazer deles está na lei do SENHOR, e nessa lei eles meditam dia e noite.
3 Essas pessoas são como árvores que crescem na beira de um riacho; elas dão frutas no tempo certo, e as suas folhas não murcham. Assim também tudo o que essas pessoas fazem dá certo.
4 O mesmo não acontece com os maus; eles são como a palha que o vento leva.
5 No Dia do Juízo eles serão condenados e ficarão separados dos que obedecem a Deus.
6 Pois o SENHOR dirige e abençoa a vida daqueles que lhe obedecem, porém o fim dos maus são a desgraça e a morte.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O Paradoxo da Vitória



O Paradoxo da Vitória
Perder para ganhar!



"Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á". (Mt 16:25)
Por que sempre temos que ouvir uma mensagem triunfalista – que parece concluir que Deus só está com aqueles que vencem, que triunfam? Afirmam que quando as pessoas não alcançam vitória, dizem que o motivo foi o pecado, a falta de fé, que o tal deu lugar ao Diabo!
Pessoas assim não buscam entender os processos da vida e não permitem aos outros entendê-los. Será que não sabem ou ignoram que tem dias que chovem e dias que faz uma estiagem assustadora sobre a horta de todos? Que o povo de Deus sofreu a fome que assolava sua região, que os profetas, homens de Deus também foram presos e exilados. José sofreu como “bode embarcado”, após ter revelado o seu sonho aos seus familiares. Agora é fácil dizer que Deus estava conduzindo a história, mas ninguém disse isto para José, este entendimento só se deu diante dos seus irmãos em Gênesis 45:7.
Os grandes homens de Deus também viveram derrotas em suas vidas, também passaram fome. O que dizer de Sansão, guerreiro temido por todos os filisteus – não estou dizendo que não pecou errando o alvo da sua consagração a Deus, passando assim, pelo caminho amargo das conseqüências de suas escolhas. Observo o Sansão que matou mais em sua morte do que em vida. A vida é um caminho que traçamos com nossas próprias escolhas!
E Moisés, “amigo de Deus”, será que se sentiu vitorioso somente em ver a terra da promessa de longe? Lembro-me de homens que viveram não para alcançar a vitória nesta terra, que morreram e não viram o fruto do seu trabalho, como o Missionário Jim Elliot, morto pelos índios Quechua no Equador, 1956. É dele a celebre frase: “Aquele que dá o que não pode manter, pra ganhar o que não pode perder, não é um tolo”. Como ficaria a conclusão da vida de Moisés pela teologia triunfalista? Afinal, ele não entrou na terra prometida, não alcançou este tipo de vitória. Deus vai te dar, determina a tua bênção!
Veja Davi, o pequeno matador de gigantes. Logo após este triunfo, foge com medo de Saul, se escondendo numa caverna fria, cheia de homens ladrões, endividados, sem esperança. Será que ele se sentia um Rei? Um herói de guerra? (Leia Salmo 142).
Já reinando em Jerusalém - quando foge de Absalão,(Salmo 3) - sofre um golpe político realizado pelo próprio filho. Este homem não era o famoso guerreiro Davi vencedor de batalhas? Por que fugiu? No processo da vida ninguém te avisou que às vezes ganhamos e às vezes perdemos?
Este era o grande questionamento do Salmista Davi (Salmo 13) – “até quando Senhor?”
Ninguém falou para Davi que as coisas nem sempre acontecem como esperamos!
O que dizer de Paulo com o famoso espinho na carne? Este mesmo que tinha em sua mensagem a demonstração do poder de Deus, que ressuscitou um “dorminhoco” que caiu da janela enquanto pregava uma de suas mensagens. Será que ao ouvir que a Graça de Deus bastava se sentiu com menos fé, derrotado? Ou como apregoa a mensagem triunfalista: com pecado, com brechas em sua vida onde a qual Satanás usava contra ele. Não é o mesmo discurso dos famosos amigos de Jó. Este tipo de mensagem não abre espaço para a soberania de Deus nem para a exposição humana diante das aflições do mundo, das tragédias, das crises, dos juros altos, dos salários ineficientes, das enfermidades, da violência que nos cercam.
Será que realmente somos intocáveis usando Deus como um amuleto da sorte sempre que nos encontrarmos em situações de aperto? Jesus disse “no mundo tereis aflições, mas tendes bom ânimo...”, ou seja, continue, lute, se esforce, Jesus venceu o mundo, você também pode vencer. Lembrando que o pódio de Jesus foi uma cruz!
Esta mensagem triunfalista não condiz com o processo de crucificação em que o Nosso Senhor deveria morrer. Esta mensagem possui o mesmo sentimento de Pedro ao dizer: “Não Senhor tu não podes morrer” (Mt. 16:22), pois a cruz era o maior símbolo de derrota. Agora é fácil, Jesus não está mais no túmulo. Creio que se fosse hoje esta igreja triunfalista, se oporia ao sacrifício que nos trouxe vida, ao paradoxo da vitória.
Creio sim, no poder de Deus e em sua Palavra que diz: “somos mais que vencedores, por aquele que nos amou”, mas não esquecendo que somos considerados ovelhas indo para o matadouro, que não estamos aqui para sermos os melhores ou os maiores, tipo “cabeça e não cauda”, buscando ou lutando por uma causa própria, egocêntrica e até denominacional. Portanto, “o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve” – Lc 22.26.
Que este seja o caminho da tua vitória ou da tua aparente derrota aos olhos dos triunfalistas! Não a nós Senhor, mas ao teu nome seja a Glória!


Pr. Jaylson Nogueira Pereira

quarta-feira, 26 de maio de 2010



MISSÕES PENSE NISTO!





A história de Jim Elliot e seus quatro amigos é uma das histórias missionárias mais empolgantes e inspiradoras.Jim Elliot nasceu em 8 de Outubro de 1927 na cidade de Portland, no estado americano de Oregon. Jim pertencia a uma família cristã dedicada ao Senhor; desde cedo foi instruído nos caminhos de Deus, e veio a receber a Cristo como seu salvador aos 8 anos de idade. Fred, um pastor batista, e Clara Elliot, seus pais, eram bastante cuidadosos quanto à instrução bíblica de seus filhos e exerceram forte influência na formação de suas vidas. Jim revelou-se um jovem bastante talentoso, destacando-se em todas as atividades que se envolvia. Era líder de sua classe, e detentor de uma brilhante oratória. Elaborou um aclamado discurso de honra em homenagem ao presidente americano, Franklin D. Roosevelt, por ocasião de seu falecimento. Graduou em "desenho arquitetônico" na High School e depois se transferiu para a faculdade cristã de Illinois, a Wheaton College, onde se graduou com as mais elevadas honras.Convicto de sua vocação e chamada, Jim prioriza seus estudos com o intuito de alcançar a melhor preparação possível para o seu ministério. Empenha-se no estudo do grego, já visando uma possível tradução do evangelho para alguma lingua nativa. Segundo o registro de seu diário, sua vida tinha sido profundamente impactada pelos testemunhos de missionários como David Brainerd e Hudson Taylor. Jim Elliot orava constantemente: "Consuma minha vida, Senhor. Eu não quero uma vida longa, mas sim cheio de Ti, Senhor Jesus. Satura-me com o óleo do teu Espírito...". Durante seus estudos conheceu Elizabeth Howard, que também tinha um chamado para missões transculturais. Apesar de seus sentimentos um pelo outro, aguardaram em oração a confirmação de Deus, e somente após a graduação eles se casaram. Jim e Elizabeth se casaram em 1953, na cidade de Quito (Equador) e em 1955, nasceu sua filha Valerie.
Jim recusou convites para pastorear em algumas igrejas nos ministérios da juventude. Para alguns líderes, Jim tinha um futuro bastante promissor no ministério pastoral nas igrejas do EUA. Por esta razão foi criticado quando insistia em sua decisão em levar o evangelho de seu Salvador aos índios na Amazônia. Jim convenceu dois de seus amigos (Ed mcCully e Peter Fleming) que trabalhavam com ele numa rádio de difusão do evangelho a participarem da escola linguística, juntamente com ele e Elisabeth. Mais tarde , os três amigos e suas esposas (Jim e Elisabeth casaram-se no Equador) partem ao Equador para trabalharem com os índios Quechua. No Equador, um piloto missionário, Nate Saint, e sua esposa juntaram-se ao grupo. Conseguiram estabelecer uma estação da missão entre os índios Quechua. Jim e Elizabeth trabalharam na tradução do Novo Testamento para a língua dos quechuas. Nesse tempo Jim se lembrou dos índios aucas (hoje conhecidos como Huaoranis) que tinham a fama de serem muito violentos e que não possuiam nenhum contato com o mundo exterior. Com o propósito de levar o evangelho aos índios huaoranis, o grupo começou a elaborar um plano que ficou conhecido como Operação Auca.
Roger Youderian, um novo missionário, com sua esposa pediram para se juntar ao grupo. Nate Saint, conseguiu avistar alguns índios aucas sobrevoando algumas áreas que foram demarcadas no mapa da operação. A partir de então começaram sistematicamente sobrevoar as áreas dos huaoranis durante quatro meses levando presentes. Amarrado por uma corda, um balde cheio de roupas, bugicangas, cereais e fotografias dos missionários era levado pelo avião que em vôos baixos deixava cair os presentes. Os índios aucas chegaram a colocar no balde um papagaio e alguns enfeites de suas vestimentas. Diante do progresso alcançado, os cinco jovens missionários resolvem montar um acampamento às margens do rio Curray. Através de uma estação de rádio comunicavam constantemente com suas esposas que tinham ficado na base da missão.
Pouco tempo depois, um grupo de quatro índios visitaram os missionários em seu acampamento. Os missionários deram-lhes presentes e alimentos como um sinal de paz. Outros contatos foram feitos por mais algumas vezes e um daqueles índios chegou a voar com Nate Saint em seu avião, sobrevoando sua própria aldeia. Incentivados por uma visita no dia 7 de Janeiro, os missionários decidiram ir até a aldeia dos huaoranis. Acordaram cedo e louvaram ao Senhor na manhã de 8 de Janeiro. Nate e Jim sobrevoando a área da aldeia dos aucas avistaram um grupo de 20 a 30 índios se movendo em direção ao acampamento. Através do rádio comunicaram com suas esposas e decidiram ás 16:30 entrarem em contato novamente.
Ao chegarem na praia de seu acampamento, Nate e Jim avisaram aos outros que os aucas estavam vindo. Munidos de armas decidiram não utilizá-las. Pouco tempo depois chegaram os aucas e pouco esses cinco jovens puderam fazer. Foram mortos pelos aucas naquele dia de 8 de Janeiro de 1956. Angustiadas pela demora do contato de seus maridos, suas esposas solicitaram imediatamente ajuda. Helicópteros e forças do exercito equatoriano sobrevoando o rio Curray encontraram os corpos de quatro missionários (não foi encontrado o corpo de Ed McCully). Seus corpos foram encontrados brutalmente perfurados por lanças e machados. O relógio de Nate Saint foi encontrado parado em 15:12 minutos, do que se deduz a hora em que foram mortos.
As esposas desses missionários, apesar da grande dor que sofreram, decidiram continuar com a missão, e algum tempo depois foram sucedidas na evangelização dos aucas. A tribo foi evangelizada e alguns anos mais tarde, o assassino de Jim Elliot, agora convertido ao Senhor Jesus e líder da igreja na aldeia batizou a filha de Jim e Elizabeth no rio onde seu pai tinha sido morto.

A vida e o testemunho desses cinco missionários martirizados por amor ao evangelho têm inspirado até hoje centenas de jovens a dedicar suas vidas ao Senhor da seara. Jim Elliot procurou servir a Jesus com todas as suas forças e a maior parte de sua vida e de seu ministério é contado por sua esposa Elizabeth em dois livros publicados posteriormente. Sua célebre frase, encontrada em seu diário nos inspira a entregar sem reservas a nossas vidas nas mãos do Mestre: "Aquele que dá o que não pode manter, para ganhar o que não pode perder, não é um tolo".
Biografia de Jim Elliot compilada por LUCIANO HÉRBET a partir de textos extraídos da internet

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Salvemos a Próxima Geração - Ricardo Gondim

Preocupo-me com os futuros pastores. Quase diariamente recebo pedidos de socorro de seminaristas já confusos antes de começarem suas atividades ministeriais. Não conseguem se encaixar nos modelos mais populares de serviço cristão, não sabem quais sendas trilharão.

O contexto oferece poucas opções ao jovem pastor. Caso pertença a uma grande denominação, pode ambicionar as estruturas de poder. Sabendo manter-se politicamente correto, conquistará estabilidade financeira. Se for de uma denominação pequena, se lançará numa feira livre religiosa. O mercado religioso é inclemente; nele impera a máxima “quem não tem competência não se estabelece”. Sem o amparo de uma grande denominação, terá de fazer sua igreja acontecer valendo-se de carisma e empreendedorismo. Lamentavelmente, muitos sucumbem, partindo para a manipulação inescrupulosa do sagrado; outros se concentram em estratégias de marketing, e há os que importam modelos de igrejas estrangeiras bem-sucedidas.

Cabe aos seminários o desafio de nortear futuros pastores; reitores e professores precisam questionar seus modelos; e mais: discutir os propósitos do ensino e saber se respondem aos desafios da seara.

Atrevo-me a oferecer algumas recomendações aos docentes que formam novos ministros.

Aconselho que alguns livros passem a ser obrigatórios. Quem lê romance capta, mesmo em narrativas fictícias, a imensidão humana. Para se inteirar da cultura brasileira, todo aluno deveria ler O Quinze, de Rachel de Queiroz, e Fogo Morto, de José Lins do Rego; para conhecer as raízes da pátria, recomendo O Cortiço, de Aluísio de Azevedo. Todos colariam grau apreciando Machado de Assis e seu “Eclesiastes”: Memórias Póstumas de Brás Cubas.

As grades curriculares deveriam incluir poesia. Cada seminarista aprenderia a esboçar alguns poemas, para não se contentar em apregoar a verdade, mas enaltecê-la com graça. Um poeta não se satisfaz em ser coerente; quer dar ritmo e formosura à sua fala. O pastor não deve buscar incutir em suas ovelhas apenas valores morais, intelectuais e espirituais. Ele deve suscitar admiração e espanto diante da majestade divina. Sugiro que os professores omitam o nome dos grandes poetas. Sem preconceitos, seus estudantes aprenderiam a gostar de Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Adélia Prado e outros.

Aconselho o retorno da meditação bíblica, de aulas em que se leriam as Escrituras em silêncio. Aulas com o objetivo de inocular nos alunos o amor pela Palavra sem terem de tirar verdades práticas para um próximo sermão. Eles descobririam a riqueza de aquietar a alma e ouvir a inaudível bruma com a voz do Espírito Santo. Os professores incentivariam que suas classes se familiarizassem com os pais do deserto. Aconteceria uma revolução, pois teríamos preces menos utilitárias e jejuns sem tentar coagir a Deus.

Sugiro que os seminaristas façam estágio em três instituições: Hospital Infantil do Câncer, Associação de Paralisia Cerebral do Brasil e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. A única exigência seria que não se envolvessem com burocracias, mas estivessem em contato com as crianças. Depois, os professores pediriam uma monografia sobre cura divina. Há pouco, ouvi um pastor prometer que todos seriam curados de suas doenças. Abismei-me com sua inconseqüência. Ele provavelmente nunca conviveu com pais que lutam com deficiências genéticas.

Outra idéia, é que se exija dos alunos não viverem em países do Primeiro Mundo sem antes morarem, por pelo menos dois anos, em regiões de extrema pobreza. Sugiro que se mudem para comunidades ribeirinhas do Amazonas, Sertão Nordestino ou favelas de alguma metrópole. Se alguém se sentisse vocacionado para missões transculturais, antes se obrigaria a morar em um país africano, trabalhando em alguma clínica pública para aidéticos ou num campo de refugiados de guerra. Acredito que essa medida estancaria o enorme fluxo dos que desejam emigrar para países mais abastados alegando um chamado divino.

O cristianismo não precisa advogar tanto a ortodoxia. O mundo já não se interessa pela defesa de verdades, quaisquer que sejam elas. Existe um fastio quanto a dogmatismos — ideológicos ou religiosos. O anseio é por coerência entre discurso e vida.

Importa que líderes cristãos encarnem sua humanidade. Em um mundo sem ternura, precisam-se de homens solidários. Numa época em que a vida perdeu seu valor, necessitam-se de pastores que amem a justiça. Jesus nunca almejou fundar uma igreja liderada por técnicos desprovidos de alma. Ele jamais vislumbrou seu corpo resumido a auditórios lotados, e jamais aceitaria discípulos parecidos com aqueles que conspiraram sua morte.

Os seminários não podem resignar-se a gerar profissionais da religião, mas servos que vivam a fé de maneira íntegra, solidária e justa. Se quisermos salvar a próxima geração de pastores, uma nova reforma precisa acontecer imediatamente. E que comece pelos seminários.

Soli Deo Gloria

Ricardo Gondim