"Uma vida não questionada não merece ser vivida." (Platão)

Salmos 1
1 Felizes são aqueles que não se deixam levar pelos conselhos dos maus, que não seguem o exemplo dos que não querem saber de Deus e que não se juntam com os que zombam de tudo o que é sagrado!
2 Pelo contrário, o prazer deles está na lei do SENHOR, e nessa lei eles meditam dia e noite.
3 Essas pessoas são como árvores que crescem na beira de um riacho; elas dão frutas no tempo certo, e as suas folhas não murcham. Assim também tudo o que essas pessoas fazem dá certo.
4 O mesmo não acontece com os maus; eles são como a palha que o vento leva.
5 No Dia do Juízo eles serão condenados e ficarão separados dos que obedecem a Deus.
6 Pois o SENHOR dirige e abençoa a vida daqueles que lhe obedecem, porém o fim dos maus são a desgraça e a morte.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

MODERNIDADE LIQUIDA

Uma síntese do Livro - MODERNIDADE LIQUIDA. Para reflexão dos relacionamentos eclesiásticos de uma Igreja que vai tomando a forma passiva de uma sociedade liquida. “Grifos meus”.


De acordo com a Enciclopédia britânica, “Fluidez” é a qualidade de líquidos e gases, por tanto, essa propriedade é responsável pelas constantes mudanças de formas quando submetidos a uma força. Pela propriedade de não fixação no espaço e por não se prenderem ao tempo, foi que Zigmunt Bauman utilizou em seu livro Modernidade Líquida a metáfora da “fluidez” ou “liquidez” para a presente era moderna.

No prefácio de sua obra, o tempo apresenta relevância especial, pois os fluidos estão sempre prontos a mudanças, preenchem espaços apenas por um momento e por isso mesmo, precisam ser datados. Como a mobilidade dos fluidos se associa à idéia de leveza, essa adentrou na história da modernidade, que não havia sido desde o começo um processo de liquefação.

Os autores do Manifesto Comunista, há um século e meio atrás a considerava estagnada e resistente, com necessidades de derretimento dos sólidos, para dissolver o que quer que persista no tempo e fosse imune a passagem ou ao fluxo. Esse cenário poderia ser representado pela profanação do sagrado, repúdio e destronamento do passado, da tradição, das crenças forjadas etc.

Tentando aperfeiçoamento e substituição de sólidos deficientes por outros aperfeiçoados e preferivelmente perfeitos. Nesse contexto, os primeiros sólidos a derreter seriam: as lealdades tradicionais, os direitos e obrigações que atavam pés e mãos que impossibilitavam os movimentos e iniciativas. Assim, derretendo esses sólidos, as redes de relações sociais estariam desprotegidas e expostas a outras regras de ações. O derretimento dos sólidos gera com isso, uma progressiva liberdade na economia no que tange as tradições políticas, éticas e culturais. Sedimentando uma nova ordem econômica.

Com efeito, o derretimento dos sólidos trouxe a dissolução das forças que poderiam manter a questão da ordem e do sistema na agenda política. Na modernidade fluida se entrelaçam escolhas individuais em projetos e ações coletivas. Nenhum molde foi quebrado sem que houvesse substituição por outro, as pessoas foram relocadas em uma nova ordem, em nichos pré-fabricados, usando a nova liberdade para encontrar as condições particulares para se adaptarem sem esquecer das regras e condutas tidos como corretos para o lugar.

A modernidade fluida produziu uma profunda mudança na condição humana com tendência de desenvolvimento nos conceitos básicos da emancipação, individualidade, tempo/espaço, trabalho e a comunidade. O tempo adquire história pela velocidade do movimento através do espaço, da imaginação e da capacidade humana. O céu passa a ser o limite, e a modernidade, um esforço contínuo, rápido e irrefreável para alcançá-lo. O acesso a meios mais rápidos de mobilidade na modernidade é a principal ferramenta de poder e dominação.

Com relação ao homem na modernidade, ser moderno passou a significar ser incapaz de parar e de ficar parado, tendo necessidade de estar sempre à frente de si mesmo, significa também, ter uma identidade que só pode existir como um projeto não realizado. Para distinguir nossa condição na modernidade e a condições da modernidade de nossas avós, o autor faz uso de duas características para apresentar diferenças na situação atual. A primeira diz respeito ao declínio da crença de que há um Estado de perfeição a ser atingido no fim do caminho. A segunda diz respeito à auto-afirmação do indivíduo, que se reflete no discurso ético/político do quadro da “sociedade justa” para o dos “direitos humanos”.

O que o autor observa nessas diferenciações é que, se a modernidade original era pesada no alto, a modernidade atual é leve no alto, livres de deveres emancipatórios, com exceção do dever de ceder à emancipação das camada média e inferior, as quais foram relegadas a maior parte do peso da modernização contínua. Diferente da individualização de cem anos atrás, a individualização na modernidade atual, consiste em transformar a identidade humana de um dado em uma tarefa, onde seus autores serão responsáveis pela realização dessa tarefa e das conseqüências advindas com a mesma.

Bibliografia: BAUMAN, Zigmunt . Modernidade Líquida; tradução, Plínio Dentzien. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001