"Uma vida não questionada não merece ser vivida." (Platão)

Salmos 1
1 Felizes são aqueles que não se deixam levar pelos conselhos dos maus, que não seguem o exemplo dos que não querem saber de Deus e que não se juntam com os que zombam de tudo o que é sagrado!
2 Pelo contrário, o prazer deles está na lei do SENHOR, e nessa lei eles meditam dia e noite.
3 Essas pessoas são como árvores que crescem na beira de um riacho; elas dão frutas no tempo certo, e as suas folhas não murcham. Assim também tudo o que essas pessoas fazem dá certo.
4 O mesmo não acontece com os maus; eles são como a palha que o vento leva.
5 No Dia do Juízo eles serão condenados e ficarão separados dos que obedecem a Deus.
6 Pois o SENHOR dirige e abençoa a vida daqueles que lhe obedecem, porém o fim dos maus são a desgraça e a morte.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

BONS E MAUS IMPULSOS


BONS E MAUS IMPULSOS

Jonathan Edwards dedicou todo um livro ao desenvolvimento da idéia de que do nosso coração brotam bons e maus afetos. “Os afetos são de dois tipos”, escreve ele no seu inglês antigo. “Há aqueles pelos quais a alma é levada ao que se tem em vista... (maturidade), ou aqueles pelos quais ela se afasta disso, e se opõe a isso. No primeiro tipo se enquadram o AMOR, o desejo, a esperança, a alegria, a gratidão, a benevolência. No segundo, o ÓDIO, o medo, a raiva, o pesar e outros semelhantes.”
Embora esse estilo de expressão pertença a uma época mais antiga, o que ele diz é bastante atual. Conhecemos o tema sobre a o qual ele discorre. O empresário cristão se recolhe cedo seu quarto de hotel depois de um árduo dia de reuniões. Basta apertar o botão que a pornografia toma conta da tela da tevê. Ele conhece a batalha entre os bons e os maus impulsos. Liga para sua esposa, faz algum trabalho pendente, escreve para o filho casado, depois vai dormir. Não aperta o tal botão.
No dia seguinte, as reuniões vão bem, excepcionalmente bem. Naquela noite, os maus impulsos parecem indescritivelmente mais fortes. Ele cede.
Uma duvida o obceca: por que depois de um dia ruim ele vence, e depois de um dia feliz ele fracassa? Vale a pena investigar a questão?
Somos evidentemente uma estranha combinação de bons e maus impulsos, seja qual for o grau de complexidade, e esses impulsos parecem ter vida própria. Convém notar que nos não cristãos os maus impulsos não descem abaixo dos seus pares encontráveis nos cristãos, mas os seus bons impulsos não chegam a igualar aos dos cristãos. Sem o Espírito de Deus, o melhor que podemos fazer é ser bondosamente egoístas. Como disse John Owen, “A única razão por que um homem irregenerado não se entrega à eterna busca de alguma concupiscência é que ele se distrai com muitas outras”.
Com o Espírito de Deus, podemos amar como Jesus, mas podemos também pecar como o diabo. O pecado arraigado é um problema que carregamos a vida toda. A bondade arraigada é uma realidade que fica a vida inteira à espera da liberação.
E como foi que viemos a ser assim? Para compreender os impulsos bons e maus que habitam em nós é preciso voltar ao princípio, ao tempo em que não existia nenhum dos dois, em que Adão e Eva eram inocentes, imaculados mas não ainda inspirados pelo desejo mais profundo de Deus. Até aquele momento catastrófico ao lado da árvore, os dois viveram confiando em Deus, o único ser que conheciam que fora bom para com eles.
Então surgiu outro alguém sugerindo que Deus talvez não fosse tão bom quanto eles supunham. “Você nunca imaginou”, perguntou a serpente a Eva, “que pode haver algo de bom fora de Deus, algo que você pode aproveitar desde que decida a buscá-lo?” (desejo)
Adão sabia que a idéia da serpente estava errada, mas quando Eva comeu o fruto proibido, violando a lei, talvez ele tenha se perguntado se havia dentro de Deus bondade suficiente para restituir a um criminoso o seu lugar à mesa da família. Será que ele poderia fazê-lo? Será que ele se quer iria querer fazê-lo? Se Adão confiasse em Deus, talvez perdesse a sua mulher. Poderia Deus perdoá-la?
Certamente Deus não poderia ser assim tão bom. E com essa dúvida, Adão desconectou-se de Deus, sem saber da incrível confusão que estava gerando.
São drásticas as consequências quando a criatura se afasta do criador. Para Adão, a conseqüência imediata foi o terror. “Será que posso voltar? Será que ele me odeia? Cá estou eu, eu que violei o único mandamento que Deus me deu. Não posso mais suportar o seu olhar. Desvio os meus olhos dele. Agora só conto comigo mesmo para viver. Vamos ver que recursos tenho para cuidar da minha vida...”
Então Adão, como todos os seus descendentes, teve de se virar por conta própria, independentemente de Deus, dependendo só de si, tudo porque não acreditou que Deus poderia ser tão bom. Desde então todos nós nos dedicamos a ver se podemos viver afastados da conexão com um Deus em quem não confiamos plenamente.
Mas desconectar-se de Deus não resolveu o problema. Pois isso exige que neguemos tudo em nós que dependa da nossa conexão com Deus. Portanto negamos os desejos mais profundos da nossa alma, desejos de amar um Deus que nos ama, de amar os outros assim como Deus nos ama. Queremos fazê-lo, mas sem Deus não podemos. Abraçar totalmente o desejo do nosso coração quando não há possibilidade de satisfazer esse desejo é algo que gera aflição intolerável. Melhor é aceitar só os desejos que podemos satisfazer sem Deus.
Também nos desconectamos do nosso senso inato de certo e errado, que hoje nos condena. Prostrar-se diante da justiça significa condenação. Não temos como satisfazer plenamente o critério da moralidade absoluta. Regularmente violamos a lei de Deus. Melhor é rebaixar o critério, adequando-se à nossa estatura moral. Então podemos nos sentir mais à vontade.
Assim é natural que se apague da nossa consciência aquilo que deveríamos originalmente desfrutar e o modo como deveríamos viver. Estamos desconectados, não só de Deus, mas também de nós mesmos, dos nossos desejos mais fortes e da nossa bússola moral.

Extraído por Pr. Jaylson Nogueira

Livro Conexão p. 113 a 116

Autor: Larry Crabb