"Uma vida não questionada não merece ser vivida." (Platão)

Salmos 1
1 Felizes são aqueles que não se deixam levar pelos conselhos dos maus, que não seguem o exemplo dos que não querem saber de Deus e que não se juntam com os que zombam de tudo o que é sagrado!
2 Pelo contrário, o prazer deles está na lei do SENHOR, e nessa lei eles meditam dia e noite.
3 Essas pessoas são como árvores que crescem na beira de um riacho; elas dão frutas no tempo certo, e as suas folhas não murcham. Assim também tudo o que essas pessoas fazem dá certo.
4 O mesmo não acontece com os maus; eles são como a palha que o vento leva.
5 No Dia do Juízo eles serão condenados e ficarão separados dos que obedecem a Deus.
6 Pois o SENHOR dirige e abençoa a vida daqueles que lhe obedecem, porém o fim dos maus são a desgraça e a morte.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O TEMPO E A ALMA


“Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios”
(Salmo 90:12).

Certamente você já deve ter ouvido poesias e canções que diziam que o tempo não para!

“O segundo, não o tempo, é implacável.
Tolera-se o minuto. A hora suporta-se.
Admite-se o dia, o mês, o ano, a vida, a possível eternidade.
Mas o segundo é implacável.
Sempre vigiando e correndo e vigiando.
De mim não se condói, não Pará, não perdoa.
Avisa talvez que a morte foi adiada ou apressada
Por quantos segundo?”

Carlos Drummond de Andrade

Busco entender como os dias passaram tão rápidos este ano, e cada ano parece que é ainda mais veloz. Pode ser pelo momento que estou vivendo. Entretanto é fato que sofremos transformações em todos os aspectos possíveis e inimagináveis, e tudo isso em mega velocidade. A própria Palavra de Deus diz que o “tempo se abrevia”. Todavia, acredito que este tempo cronológico não sofreu e nem sofrerá nenhuma modificação quanto ao padrão de medida do próprio tempo.
Por que será que na correria da vida não conseguimos perceber que esta alteração não está no ritmo do tempo, mas no ritmo da vida? O homem sendo escravo dos próprios desejos, do seu espírito volitivo, das suas vontades, escravo do tempo, que diz que para alcançar é melhor correr, pois ganha quem chega primeiro! Não é assim?
Pensando neste ritmo alucinante, há de concordar que com a diminuição da velocidade amplia-se o campo da visão, ou seja, a percepção das coisas. Então para isso é melhor diminuir a marcha! A velocidade está em proporções relativamente antagônicas, pois quanto menor a velocidade, maior será a percepção, portanto sabedoria!
Não pense que o melhor é ficar parado, pois parado também não há percepção de novas coisas, o campo da visão fica limitado, embora tenha gente que vive muito bem assim. Mas, estou falando em movimentos calculados, pensados, antes ou depois de cada ação, com acertos e também com erros, ou seja, continue em frente!
O Salmista busca fazer uma reflexão profunda deste ritmo, desta velocidade. Muitos têm encontrado o esgotamento, tão somente porque seus corpos não suportam mais este ritmo frenético, e quando isso acontece, o ritmo de suas vidas é modificado por questões fisiológicas, a máquina quebra.
O que nos tem provocado tamanha ansiedade que não conseguimos parar, diminuir a marcha e refletir sobre o nosso dia, a nossa vida, a ponto de adoecermos e até morrermos?
Encontro esta resposta na expressão dita por Salomão “correr ou correndo atrás do vento”, nada seria mais cansativo e infrutífero do que correr atrás do vento, estar sob o controle das vaidades! Tudo é vaidade!
O homem está cada vez mais ansioso. ANSIEDADE é definida como “estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro, inquietação interna desagradável, inclui manifestações somáticas e fisiológicas”.
E com o fracasso do que se busca por vaidade entramos em DEPRESSÃO. As síndromes DEPRESSIVAS têm como elementos mais salientes o humor triste e o desânimo. Não percebemos a beleza de cada dia, o dia fica sem cor.
Este momento é reflexivo para muitos. Para alguns realmente este ano passou rápido, são aqueles que gostariam que o dia tivesse 36 horas, para realizarem tudo o que estava em sua agenda pessoal. Mas, para outros o mesmo ano passou de forma vagarosa onde realmente parecia que o dia tinha 36horas, por que as situações perduravam e não se modificavam.
Encontramos sob a ação do tempo homens com características diferentes, uns ansiosos e outros depressivos, tão somente por causa do ritmo do tempo refletido na própria alma.
Para aqueles que vivem em tempos de ansiedade este mesmo tempo passa rápido, pois o mesmo é insuficiente para realizar seus anseios. Para aqueles que estão deprimidos o tempo não passa, a percepção em relação ao tempo é que ele se estende juntamente com a dor, angustia que nunca passa.
A ansiedade está relacionada a questões do futuro e a depressão a questões já vividas, de uma forma simplista e não completa, é claro. Observa agora que o tempo continua sendo o mesmo, a terra continua girando na mesma velocidade, e os dias continuam tendo o mesmo padrão cronológico de medida.
Portanto quando estamos tomados por quaisquer destes sentimentos, estado de humor ou ânimo, ansioso ou depressivo, não conseguimos ajustar nossa alma com o tempo e não conseguimos contar nossos dias para alcançar corações sábios. O que seria o sábio nesta relação? Seria aquele que encontrou equilíbrio entre as questões do coração com o tempo presente, passado e futuro.
O que então está fora de controle? Simples, a alma humana! Descontrolada pelas coisas deste mundo.
A Bíblia nos ensina a lançar nossa ansiedade em Deus, a estarmos fora do ritmo, velocidade, que seriam elementos da forma deste mundo, é o que diz o Apóstolo Paulo. Também de uma maneira direta Deus diz “que precisamos nos aquietar e saber que Ele é Deus” (Salmo 46.10).
O significado de viver em fidelidade ao momento presente, sem retroceder ao passado ou antecipar o futuro, é maravilhosamente ilustrado pela história de um monge que estava sendo perseguido por um tigre feroz.
Ele correu até a beirada de um despenhadeiro, olhou para trás e viu o tigre rugindo e pronto para dar o bote. O monge então notou uma corda que pendia da beira do precipício. Ele agarrou-a depressa e começou a descer a lateral do despenhadeiro agarrado na corda, para escapar das garras do tigre. Que alívio! Essa foi por pouco!
Ele então olhou para baixo e enxergou uma imensa extensão de rochas pontiagudas aguardando 150 metros abaixo. Ele olhou para cima e viu o tigre a postos no alto do precipício com as garras à mostra. Nesse exato momento dois camundongos começaram a roer a corda. O que fazer? O monge viu um morango que se estendia ao alcance da sua mão da face do despenhadeiro. Ele colheu-o, comeu e exclamou: "Que delícia; esse é o melhor morango que já comi na vida". Se ele estivesse preocupado com as rochas abaixo (o futuro) ou com o tigre acima (o passado), teria perdido o morango que Deus estava lhe dando no momento presente.
Concentremo-nos, então, não nos tigres do passado e nem nas pedras do futuro, mas apenas no morango que está aqui, e agora, tendo plena consciência que “este é o dia que o Senhor nos fez, alegremos e regozijemos nele”.

Ensina-nos, Senhor, a contar nossos dias!

Pr. Jaylson Nogueira Pereira.